Descrição enviada pela equipe de projeto. O apartamento situa-se no segundo piso de um edifício de 3 pisos, dos anos 30, no centro de Lisboa, e foi adquirido com o objetivo de se tornar habitação do nosso cliente. O apartamento foi-nos entregue bastante descaracterizado, mas, no entanto, apresentou-nos desde logo, grandes potencialidades de intervenção, quer pelo pé-direito elevado, quer pela presença de alguns detalhes particulares. Na sua planta original, a tipologia era T3, mas o projeto consistiu em abrir o espaço e transformar num apartamento para 1 pessoa – sala comum, suite com closet, cozinha, casa de banho social e escritório. A intervenção teve como base dois pontos fundamentais: descompartimentar os diversos espaços da casa para criar zonas com maior conforto; e tirar partido dos vários elementos da época de construção do apartamento, enfatizando-os. Decidiu-se então proceder à demolição de algumas paredes, de modo a ampliar o espaço, e à criação de um corpo paralelepipédico – entrada e corredor - que serve como peça central da intervenção.
O projeto consistiu, em grande parte, na reabilitação do apartamento tendo em conta os padrões da época da casa, nomeadamente nas portas, frisos, estereotomia de pavimentos, etc; contrapondo a estes um volume central que se destaca, mas que, ao mesmo tempo, redefine uma nova linguagem e espacialidade para o apartamento. Este volume central consiste numa caixa destacada do pavimento e tecto, revestida com um apainelado de madeira lacada, desenhado numa métrica sistemática, que funciona como bengaleiro na entrada, e como acesso à casa de banho social e cozinha na zona do corredor. Esta caixa destaca-se igualmente pela utilização da cor (cinzento e dourado) e da luz que contorna o volume. Estes elementos surgem também, pontualmente, noutras partes da casa, com um carácter cênico de descoberta à medida que se percorre os vários compartimentos.
Nos materiais, ao soalho em tábua corrida foi contraposto o betão dos pavimentos das zonas de serviço; ao branco das paredes foi justaposto o cinzento das madeiras, o dourado do metal e da luz e a transparência das grandes superfícies espelhadas.